Imaginem-se na pele de um livreiro que mediou a venda de um exemplar da 1.ª edição, de 1878, de O Primo Basílio, a célebre obra de Eça de Queiroz, por elevado valor. No processo de transporte da obra entre a casa do vendedor, o conde Wenceslau, e a morada do comprador, um bibliófilo conhecido do livreiro, a cargo de uma empresa de estafetas, a obra desapareceu. Não só a obra, como o estafeta, o capacete e a moto em que se fazia transportar. Desapareceu tudo, como que tragado por um grande buraco na floresta de prédios da cidade.
Afonso Pardo, o livreiro, decidiu então contratar os serviços do detetive privado Eneias Trindade, no sentido de recuperar o livro. Ou arriscava-se a pagar o elevado valor reclamado pelo comprador, que, entretanto, liquidou a obra ao conde Wenceslau.
Devem estar a pensar como conseguiu o detetive resolver a questão, Verdadeiramente, não a resolveu. Ou talvez sim. Pelo menos deu os passos necessários nesse sentido. O resultado até a ele surpreendeu. E a mim, também. Leiam o livro. Está lá tudo.