“Sabe que sou o homem menos pontual que há neste mundo; entre os meus imensos defeitos e as minhas poucas qualidades, não conto a pontualidade, essa virtude dos reis e esse mau costume dos ingleses.” Dois importantes romances que se centram na luta do amor por forma a superarem obstáculos. Em Cinco Minutos (1856), o seu primeiro romance, um transporte público é palco de um encontro que marca a vida de um jovem romântico. Ao perder o seu ônibus devido a um atraso, entra no seguinte e senta-se casualmente ao lado de uma mulher cujo rosto estava coberto por um véu. Esta permite que ele lhe segure as mãos e lhe beije o ombro, e após este breve encontro, o protagonista inicia uma busca incessante pela mulher que insiste em permanecer incógnita enquanto lhe dá simultaneamente provas de amor. Em Encarnação (1893), o último romance “urbano” de José de Alencar, o autor lida com o delírio poético da recusa da morte e da perda, na figura de Hermano, viúvo de Julieta há bastante tempo, e que mantém por ela um amor inalterado e uma fidelidade absoluta, e na figura dúbia de Amália, que se casa com Hermano e se torna a cada dia, mais semelhante a Julieta, na tentativa de fazer o marido amá-la. José de Alencar traça em Encarnação a história de um homem excêntrico, oprimido por uma obsessão, carregando na alma a imagem da mulher ideal, mesmo depois do segundo casamento com a cândida Amália, que tanto ansiava por um companheiro que soubesse dar-lhe provas de verdadeiro e sincero amor e que, por isso, resignada, tudo fazia para ver transformada, ainda que a custo de longo sofrimento, uma enlouquecida paixão num amor feliz.